Em “Desvarios no Brooklyn” o senhor critica o governo Bush. É possível dizer que a história sobre a Confederação, presente em “Viagens...” também é uma crítica?
AUSTER: Não sei se é sobre Bush, mas sei que é sobre a história da América. Temos uma longa história. Esse país fez muitas coisas terríveis para outras pessoas. Nós praticamente destruímos a população nativa do território. Nós tivemos escravidão. São coisas das quais não devemos nos orgulhar. Ao mesmo tempo, porém, a América foi e ainda é, de certa forma, a nação que mais progrediu nos últimos séculos em diversos aspectos. Só que, nos últimos seis anos, com o governo republicano de Bush, pegamos outro caminho. E me parece muito difícil voltarmos atrás.
AUSTER: Um livro tem, em algumas situações, o poder de influenciar as pessoas. Mas na maioria das vezes não tem poder algum. Os escritores devem ser livres para fazerem o que quiserem. É disso que se trata a democracia. Não acho que a arte tenha que ser completamente ligada à política. Seria uma forma de arte muito enfadonha. Porém, isso não significa que cidadãos, individualmente, não tenham o direito, ou até mesmo a obrigação, de se expressarem.
Entrevista concedida a André Miranda, O Globo.